27.10.12

CHAFARIZ - ENFIM RESTAURADO

Desta vez a página LUGAR ONDE no BADALADAS foi dedicada ao monumento emblemático de Torres Vedras.


Durante alguns meses vimo-lo entaipado e rodeado do estaleiro de obra.

Finalmente apareceu em todo o seu esplendor.




Passemos então à página:



Em letra corrida, para facilitar a leitura:




CHAFARIZ – ENFIM RESTAURADO

Com o recente restauro do Chafariz dos Canos o município torriense redime-se de um longo período de menosprezo por aquele que é, sem dúvida, o seu mais precioso monumento histórico.
São sete séculos a proporcionar um bem essencial – a água – configurados na melhor arquitectura medieval, que se oferecem ainda hoje ao nosso deslumbramento, perante esta obra pública de parceria régia e municipal do tempo em que a municipalidade se afirmava na construção de Portugal. Um monumento assim tão rico de implicações históricas e sociais e tão raro valor artístico só merecia ser dignificado.
Por isso deve merecer-nos a maior gratidão o empenho posto no seu restauro da histórica fonte gótica assim como a devolução do protagonismo que lhe era devido naquele espaço, retirando-lhe da frente todo o ruído que se interpunha à sua leitura integral.


NO ENTANTO…

No entanto, se o essencial foi feito e por todos deve ser reconhecido, alguns aspectos, certamente corrigíveis, se nos afiguram como menos conseguidos.
É provável que, por agora, estranhemos o ar de cara lavada ou o aspecto de “pó de talco” que parece envolver toda a construção, consequência da limpeza da pedra e do tratamento das argamassas. Mas o tempo se encarregará de lhe devolver uma “patine” mais familiar. Pena é que a solução final da pintura não mantivesse a cor amarelo ocre
na corda manuelina e no friso superior do muro, que longe de ser um devaneio popular, constitui característica da a”arte mudéjar” que inspira toda a parte superior do conjunto – o coroamento de merlões e coruchéus.
Quanto ao arranjo do largo, pesa um pouco a sensação de vazio, talvez devida à uniformidade do piso, que assim se amplia visualmente. Mas estranho mesmo é a opção por formas e materiais pouco conviventes com o monumento (embora saibamos que é essa a intenção) como é o caso do enorme banco de mármore branco e o candeeiro preto, a um dos cantos. Também aquela árvore ali plantada, frente ao passo, nos aparece como forçada, sem função nem contributo estético que se veja.
A ideia do espelho de água justifica-se, conjugando memória histórica do tanque e valorização cénica. Mas não precisava de ocupar todo o espaço do pequeno largo (e ninguém se lembrou dos pombos!).

E porque não reintegrar os pilares esculpidos com “golfinhos” que eram parte da estrutura do tanque e se encontram desterrados em frente à capela de S.João?




Embora se trate de pormenores, sempre remediáveis, são aspectos que não contribuem para a criação de uma atmosfera de intemporalidade que, quanto a nós, deve presidir a intervenções em espaços carregados de passado.

José Pedro Sobreiro




* * *


No princípio do século XX era o formoso tanque com seu gradeamento em ferro forjado apoiado em pilares esculpidos (golfinhos), que estendia ao gado muar a generosa dádiva do chafariz, onde a população se abastecia.





Depois, cerca dos anos 40, veio o progresso e a higiene, foram-se os burros e vieram os automóveis...! E o tanque foi à vida.




Nos anos setenta retirou-se o “stand” mas, para não ficar muito vazio, embelezou-se com um pequeno jardim, com bancos de costas voltadas para o monumento, que ficava lá atrás.





Hoje, finalmente, o monumento respira, restaurado, ocupando o seu lugar na praça, oferecendo-se na sua beleza à nossa admiração de monumento singular.

* * *

UM TRABALHO NOTÁVEL

Em 2 de Junho de 2006 o BADALADAS trazia na primeira página, em grandes destaque, uma fotografia do Chafariz dos Canos com o título “Chafariz perto da ruína”. Na pág. 3 a jornalista Ana Alcântara dava conta do alerta lançado pela Associação para a Defesa e Divulgação do Património de Torres Vedras - o tempo e a incúria dos homens estavam a arruinar, de modo quase irreversível, aquele monumento, de características únicas no país.
Seis anos passados, aquela Associação saúda calorosa e publicamente, o trabalho de restauro que acaba de ser realizado. E sublinha: ele resulta de uma escolha acertada da Câmara Municipal que o adjudicou a uma das melhores empresas do sector, com valiosos trabalhos realizados em Portugal e no estrangeiro, a empresa Nova Conservação, com sede em Lisboa (www.ncrestauro.pt).


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